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terça-feira, 20 de julho de 2010

Carta pró-maconha

Muito já foi dito sobre as drogas, durante tanto tempo, hodiernamente ela é demonizada e ainda considerada o grande problema social, talvez o maior, no discurso oficial do estado repressivo, afinal seguimos o mesmo discurso feito por Ronald Reagan, o discurso de war on drugs. Por certo que muita coisa mudou no tratamento das drogas, as ciências evoluíram, etc.




Certamente o problema das drogas é relacionado à saúde pública e a educação, e infelizmente o estado afasta a possibilidade de tratamento adequado ao problema através da política de repressão penal, o que vem se mostrando inútil e inadequada através dos anos, e se exista uma coisa que pode ser vista e comprovada empiricamente é que as políticas proibicionistas (que possuem cerca de 100 anos) não atingiram nenhum objetivo, muito pelo contrario só fez com que aumentasse a ignorância, o medo e a violência (estatal ou não).



Por certo que problemas de saúde pública se resolvem com saúde pública, e não com repressão, muito menos com demonização do tema, e a chance de expiar todas as culpas e problemas de violência nas drogas, pois essas são utilizadas há milênios, e mesmo atualmente (estando vívida a war on drugs) é utilizada amplamente pela sociedade, e digo mais, por toda a sociedade, saindo das camadas sociais mais elitizadas e religososas até aos mais pobres e ateus, a imensa maioria dos usuários de drogas o fazem de modo recreativo, sem nenhuma pretensão de violência ou criminosa.



Outro ponto alarmante nessa política esquizofrênica do estado é proibir o consumo de substâncias, sem qualquer argumento contundente, é evidente que se alega a saúde pública e a violência gerada pela droga, contudo ambas são mais evidentes nas drogas legalizadas (principalmente no álcool) e quanto à violência e grupos criminosos, etc., esses são justamente a cria de uma política criminal de repressão, ora meus caros, o tráfico de entorpecentes lida com bilhões de dólares anuais em todo o mundo, sinceramente vocês não acreditam que não haverá ninguém interessado em sua proibição?



De outra forma a proibição se mostra inócua, primeiro por que existem muitos consumidores, pouquíssimos tem medo da lei (sem falar que na legislação atual o usuário não pode ser mais punido com prisão, ou seja, praticamente houve uma liberação do consumo), e se existe usuários para um produto, a lei do mercado é clara, existira sem dúvida pessoas dispostas a fornecer esses produtos (principalmente dentro da ordem capitalista que as pessoas são admiradas pelo que possuem status social e financeiro); segundo, nem a polícia brasileira ou qualquer outra do mundo tem condições materiais e de contingentes para deter todos os integrantes e participantes do tráfico (desde a produção até a venda), basta ver o Estados Unidos que é o país que mais investe na guerra contra as drogas e é o que mais consome no mundo.



Entre tantos aspectos a serem resgatados nessa discussão (e são muitos), nos atentaremos apenas a estes por hora, lembrando que temos que despertar para vida, temos que perceber o porquê de nossos preconceitos e idéias, odiamos e demonizamos coisas sem saber o por que, apenas por que nos foi ensinado e é repassado todo o dia nos canais televisivos (lembrando Marcelo Nova que diz "eu sou inteiramente contra as drogas, é por isso que eu não assisto nem a Globo, nem a SBT, nem a Record), a proibição e a demonização dos entorpecentes é algo incoerente, sem justificativas plausíveis e cientificas, apenas na intenção de implementar o pensamento de uma cultura protestante (que prega a abstinência) surgida nos EUA e propagada pelo mundo. Que erros cometemos ao aceitar isso, não podemos interferir no querer dos outros, no lazer e na vida, a pessoa tem total direito de utilizar substancias entorpecentes de modo hedonista, sempre fazendo isso com o choopinho ou a cervejinha de final de semana, por que não deixar que os outros o façam com outras substancias.



Lembrando que a abaixo segue uma matéria interessante, mostrando uma carta de pro maconha feita por médicos, em repúdio a prisão de um cantor que foi preso por ter alguns pés de maconha em casa (o que teoricamente deveria ser festejado pelo estado, pois quem planta não compra). Perto do meu escritório tem uma pichação na parede que diz: "os traficantes são contra a legalização", nada poderia estar mais corretos, só não podemos esquecer que os maiores traficantes vestem ternos de 5 mil dólares e estão entro da maquina estatal (todos os poderes) e/ou ligado a grandes empresas. O Prof. Dr. Nilo Batista certa vez falou: "a política anti drogas é mais prejudicial que a própria droga", ele não poderia estar mais certo.


Att.

Aknaton Toczek Souza


Cientistas fazem carta pró-maconha


DE SÃO PAULO



Um grupo de neurocientistas que estão entre os mais renomados do país escreveu uma carta pública para defender a liberalização da maconha não só para uso medicinal, mas para "consumo próprio", informa Eduardo Geraque em reportagem publicada na edição desta quarta-feira da Folha (íntegra disponível para assinante do UOL e do jornal).



A motivação do documento foi a prisão do músico Pedro Caetano, baixista da banda de reggae Ponto de Equilíbrio, que ganhou repercussão na internet. Ele está preso desde o dia 1º sob acusação de tráfico por cultivar dez pés de maconha e oito mudas da planta em casa, em Niterói (RJ). Segundo o advogado do músico, ele planta a erva para consumo próprio.



Os cientistas falam em nome da SBNeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento), que representa 1.500 pesquisadores. De acordo com os membros da sociedade, existe conhecimento científico suficiente para, pelo menos, a liberalização do uso medicinal da maconha no Brasil.



Veja a íntegra da carta:



"A planta Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha, é utilizada de forma recreativa, religiosa e medicinal há séculos mas só há poucos anos a ciência começou a explicar seus mecanismos de ação.



Na década de 1990, pesquisadores identificaram receptores capazes de responder ao tetrahidrocanabinol (THC), princípio ativo da maconha, na superfície das células do cérebro. Essa descoberta revelou que substâncias muito semelhantes existem naturalmente em nosso organismo, permitiu avaliar em detalhes seus efeitos terapêuticos e abriu perspectivas para o tratamento da obesidade, esclerose múltipla, doença de Parkinson, ansiedade, depressão, dor crônica, alcoolismo, epilepsia, dependência de nicotina etc. A importância dos canabinóides para a sobrevivência de células-tronco foi descrita recentemente pela equipe de um dos signatários, sugerindo sua utilização também em terapia celular.



Em virtude dos avanços da ciência que descrevem os efeitos da maconha no corpo humano e o entendimento de que a política proibicionista é mais deletéria que o consumo da substância, vários países alteraram, ou estão revendo, suas legislações no sentido de liberar o uso medicinal e recreativo da maconha. Em época de desfecho da Copa do Mundo, é oportuno mencionar que os dois países finalistas, Espanha e Holanda, permitem em seus territórios o consumo e cultivo da maconha para uso próprio.



Ainda que sem realizar uma descriminalização franca do uso e do cultivo, como nestes países, o Brasil, através do artigo 28 da lei 11.343 de 2006, veta a prisão pelo cultivo de maconha para consumo pessoal, e impõe apenas sanções de caráter socializante e educativo.



Infelizmente interpretações variadas sobre esta lei ainda existem. Um exemplo disto está no equívoco da prisão do músico Pedro Caetano, integrante da banda carioca Ponto de Equilíbrio. Pedro está há uma semana numa cela comum acusado de tráfico de drogas. O enquadramento incorreto como traficante impede a obtenção de um habeas corpus para que o músico possa responder ao processo em liberdade. A discussão ampla do tema é necessária e urgente para evitar a prisão daqueles usuários que, ao cultivarem a maconha para uso próprio, optam por não mais alimentar o poderio dos traficantes de drogas.



A Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) irá contribuir na discussão deste tema ainda desconhecido da população brasileira. Em seu congresso, em setembro próximo, um painel de discussões a respeito da influência da maconha sobre a aprendizagem e memória e também sobre as políticas públicas para os usuários será realizado sob o ponto de vista da neurociência. É preciso rapidamente encontrar um novo ponto de equilíbrio."



Cecília Hedin-Pereira (UFRJ, diretora da SBNeC)

João Menezes (UFRJ)

Stevens Rehen (UFRJ, diretor da SBNeC)

Sidarta Ribeiro (UFRN, diretor da SBNeC)



Editoria de Arte/Folhapress


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